Redação nos vestibulares: confira as diferenças entre as propostas do Enem, da Fuvest e da Unicamp
Por Eva Albuquerque
No Enem, exige-se a produção de um texto em prosa, do tipo dissertativo-argumentativo, sobre um tema de ordem social, científica, cultural ou política. Os aspectos avaliados relacionam-se às competências desenvolvidas durante os anos de escolaridade. Nessa redação, o candidato deverá defender uma tese – uma opinião a respeito do tema proposto –, apoiada em argumentos consistentes, estruturados com coerência e coesão.
O texto deverá ser redigido de acordo com a modalidade escrita formal da Língua Portuguesa. Por fim, o candidato deverá elaborar uma proposta de intervenção social para o problema apresentado no desenvolvimento do texto que respeite os direitos humanos.
Na prova da Fuvest, o tipo textual também é o dissertativo-argumentativo em prosa, conforme consta no Manual do Candidato de 2017: uma dissertação de caráter argumentativo, na qual se espera que o candidato, visando a sustentar um ponto de vista sobre o tema proposto ou sugerido, demonstre capacidade de mobilizar conhecimentos e opiniões; argumentar de forma coerente e pertinente; articular eficientemente as partes do texto e expressar-se de modo claro, correto e adequado.
Na Unicamp, recorre-se aos gêneros textuais: carta argumentativa, resenha, resumo, comentário, artigo de opinião, carta de leitor, carta ao leitor, verbete entre outros. A escrita de gêneros deve levar em conta interlocutores, propósito a que se deve atender, formas de circulação do texto entre outros fatores.
Em relação aos gêneros, estudar as características e exercitá-las exaustivamente não significa, obrigatoriamente, sucesso na redação. Pelo contrário: memorizar aspectos relevantes dos gêneros tende a deixar em segundo plano a reflexão sobre fatores que levam em conta o modo como os interlocutores estão representados no texto, a pertinência do registro lingüístico adotado (formal, informal, semiformal) na escolha das palavras e expressões, estratégias de argumentação abordadas, entre outros aspectos. Nesse sentido, a escrita de gêneros difere sobremaneira da redação de textos dissertativo- argumentativos, que seguem padrões pré-determinados.
*professora de literatura e redação do Cursinho da Poli
Material de autoria do Prof.Sérgio Luiz de Mello- Cursinho Preparatório para o ENEM e Vestibular Poli Saber Ibiúna
19/04/2018
A partir da leitura dos textos motivadores seguintes e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija um texto dissertativo-argumentativo em norma padrão da língua portuguesa sobre o tema “ O Avanço Tecnológico e desafios para o combate das Fake News no Brasil,” apresentando proposta de intervenção que respeite os direitos humanos. Selecione, organize e relacione, de forma coerente e coesa, argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista.
INSTRUÇÕES:
- O rascunho da redação deve ser feito no espaço
apropriado.
- O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha
própria, em até 30 linhas.
- A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de
Redação terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de
correção.
Receberá nota zero, em qualquer das situações expressas a
seguir, a redação que:
- tiver até 7 (sete) linhas escritas, sendo considerada
“insuficiente. ”
- fugir ao tema ou que não atender ao tipo
dissertativo-argumentativo.
- apresentar proposta de intervenção que desrespeite os
diretos humanos.
- apresentar parte do texto deliberadamente desconectada
com o tema proposto.
START E começa mais um dia Cotidiano e tecnologia Eu posso ver em 3ª dimensão Cinema preto-e-branco pela televisão Eu vou compor uma música eletrônica No meu violão E poderia destruir a bomba atômica Com meu controle remoto STAND BY TECNOLOGIA !!! - DIA-A-DIA RESTART Com uma lógica analógica A minha vida é um vídeo game E com minha caneta ótica Escrevo holografia em poesia concreta Eu vou compor uma música eletrônica No meu violão E poderia destruir a bomba atômica Com meu controle remoto STAND BY TECNOLOGIA !!! - DIA-A-DIA
Fake news: revendedores de realidade e as notícias falsas
É necessário fomentar mecanismos de controle e pesquisa com transparência sobre o uso político das plataformas digitais
Uma expressão que ganhou popularidade nos últimos anos para fins políticos vem desafiando jornalistas, economistas, políticos, juristas e toda sociedade sobre ética. Vem também sendo motivo de debate no Congresso Nacional com projetos de leis em que todos têm algo em comum: incapacidade de definir o que é "fake news".
Aliás, nós, humanos, temos essa grande tecnologia à nossa disposição — a fofoca. Para Este não é um conceito novo. Na Grécia Antiga utilizaram a expressão "revendedores de rumores" para descrever, por exemplo, a atuação de comerciantes para aumentar rapidamente o preço de grãos, espalhando rumores sobre tempestades e naufrágio.
Teofrasto, notório filósofo na época, realizou um experimento social com seus amigos usando histórias inventada que chocavam. Ele dizia algo como, "Ei, não espalha, tá? Essa informação é de uma fonte quente e é a última notícia do pedaço", o que resultou no ditado “olhos são melhores testemunhas do que ouvidos” e recomendações para evitarmos ser enganados, como questionar “quem está ganhando dinheiro com essa notícia?”.
Nos protegermos e trabalharmos melhor em grupo, desde o nosso início, foi necessário falarmos sobre e entre nossos pares. Essa capacidade linguística e de comunicação nos permitiu criar laços confiáveis e expandir nossas habilidades.
Porém, diferentemente da nossa história até aqui, estamos enfrentando um novo desafio, que é o mercado da realidade.
Nossos relacionamentos em sociedade já não são mais criados apenas entre humanos “olho no olho”, ou seja, presencialmente. Nossa confiança também está em plataformas digitais que nos representam e desenvolvem laços individuais e até mesmo em grupos. Muitos da última geração da nossa espécie, provavelmente, já encontram seus pares em aplicativos que apresentam e sugerem pessoas para se relacionar, ou seja, não é mais necessário estar presencialmente com alguém para criarmos laços ou grupos em comum.
Atualmente, essa intermediação parece natural para nós, pela comodidade. Tecnologias exploram nossa psicologia e comportamento com informações pessoais registradas por elas mesmo. As “fake news” são as fofocas produzidas sob medida para agradar uma realidade de que gostaríamos, sejam fatos falsos ou reais, e sem o compromisso de criar vínculos humanos, assim afastando nosso contexto social e diferenças do debate, que é um dos principais elementos para a discussão sobre moral e ética em sociedade.
Hoje, somos “revendedores de realidade”, e poderíamos concluir que uma resiliência a esse fenômeno seria “encontros presenciais são a melhor testemunha do que nossos olhos”. A pergunta que deveríamos fazer sobre esse desafio é “quem está ganhando com essa realidade que estamos criando de nós próprios?”. Pois, assim como alguns comerciantes lucraram na Grécia Antiga, alguns políticos provavelmente estão conseguindo votos ou a manutenção de poderes explorando essa vulnerabilidade das realidades sugeridas por interfaces digitais.
Nossas democracias não precisam de lei para definir o que são "fake news" e nem o que é verdade ou mentira, mas é necessário fomentar mecanismos de controle e pesquisa com transparência sobre o uso político das plataformas digitais, quem os financia e quais são as ferramentas. Só dessa maneira vamos criar uma cultura para discutir a moral e ética da tecnologia na política.